Cresce interesse brasileiro por ciência
É muito bom quando podemos divulgar noticias interessantes, que divulgam a verdadeira posição da população em relação a qualquer tema e que revela assim, a atual situação do Brasil sobre os temas das pesquisas . E neste inicio de ano, ao contrario do que noticiamos há alguns anos neste mesmo espaço, uma pesquisa da Agência FAPESP, mostrou que o interesse da população brasileira por ciência aumentou consideravelmente nos últimos quatro anos. A conclusão é da pesquisa “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia”, realizada no fim de 2010 com mais de 2 mil pessoas em todo o país e divulgada em janeiro pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Em pesquisa anterior, realizada em 2006, o número de interessados ou muito interessados em ciência era de 41% dos brasileiros. O percentual subiu, em 2010, para 65%.
De acordo com o coordenador do estudo, Ildeu de Castro Moreira, os resultados – que em breve serão publicados no site do MCT – não apenas revelam um interesse crescente, mas apontam também que a população brasileira tem uma percepção cada vez mais madura a respeito da ciência.
“Os resultados mostram que a população brasileira confia no cientista, acredita que a pesquisa é fundamental, apóia o aumento de recursos para o setor e acha que a ciência traz benefícios para sua vida. Por outro lado, as opiniões não são desprovidas de crítica: há uma consciência dos perigos e limites éticos existentes. Concluímos que a população brasileira tem uma percepção social bastante madura da ciência”, disse Moreira à Agência FAPESP.
Meio ambiente em alta
Os resultados mostraram que, para o público brasileiro, a ciência é mais interessante que temas populares como esportes. Do total dos entrevistados, 65% se dizem interessados e muito interessados em ciência e 62% em esportes.
O meio ambiente é o tema mais “popular”, com 83% de interessados e muito interessados. Em 2006, o percentual era de 58%.
Os assuntos preferidos entre os 65% interessados ou muito interessados em ciência são ciências da saúde (30,3%), informática e computação (22,6%), agricultura (11,2%), engenharias (8,4%), ciências biológicas (6%). Temas como matemática, física, química, ciências da terra, ciências sociais e história ficam com percentuais entre 3% e 4%. Astronomia e espaço têm 1,6%.
Entre os que declararam não se interessar por ciência e tecnologia, a maior parte, 36,7%, alegou como razão para o desinteresse que “não entende” o assunto. Mais de 36% alegam que visitam museus e não participam de eventos científicos porque eles não existem em sua região.
Ciência nacional ainda é desconhecida
Embora diversas respostas, segundo Moreira, tenham revelado uma visão madura do público em relação à ciência, algumas delas chamam a atenção para o desconhecimento sobre o tema.
Uma parcela de quase 82% dos entrevistados não soube citar nenhuma instituição de pesquisa científica no Brasil. Entre os demais, 23,5% citaram o Instituto Butantan e 12,1% citaram o Instituto Oswaldo Cruz. Mais de 87% não souberam citar nenhum cientista brasileiro importante. Entre os demais, 40% citaram Oswaldo Cruz e 29% citaram Carlos Chagas.
“Trata-se, sem dúvida, de uma deficiência associada à precariedade da escola, tanto no ensino básico como na universidade. Os livros não têm conteúdos sobre o que foi feito na ciência nacional. A mídia em geral também não dá destaque a isso e é muito mais pautada no exterior – com boas exceções”, disse Moreira.
Outros resultados
Para mais de 42% dos entrevistados, a ciência traz mais benefícios que malefícios. Para quase 39%, traz apenas benefícios. Exatos 14% acreditam que a ciência traz tanto benefícios como malefícios. Apenas 2,5% acreditam que os malefícios predominam.
Os benefícios da ciência mais citados pelos entrevistados, foram aqueles trazidos para a saúde e proteção contra doenças” (26,1%) e para melhorar a qualidade de vida (19,1%). Os principais malefícios foram “trazer problemas para o meio ambiente” (26,9%), “redução de emprego” (12,9%), “provocar o surgimento de novas doenças” (12,6%) e “produzir alimentos menos saudáveis” (12,2%).
As descobertas científicas em si não são boas nem más – o que importa é a forma como elas são usadas – na opinião de 57% dos entrevistados. Para 66%, as autoridades devem obrigar legalmente os cientistas a seguirem padrões éticos.
Os cientistas são “pessoas inteligentes que fazem coisas úteis à humanidade” para 38,5% da população. São “pessoas comuns com treinamento especial para 12,5%. Para 11,1%, são pessoas que trabalham muito sem querer ficar ricas. Para 9,9% são “pessoas que se interessam por temas distantes da realidade dos outros. Para 9,3%, são “pessoas que servem a interesses econômicos” e para 7,3% são “pessoas excêntricas de fala complicada”.
Os governos devem aumentar os recursos que destinam à pesquisa científica e tecnológica, na opinião de 68% dos entrevistados. Para 72%, as empresas privadas brasileiras deveriam investir mais na pesquisa. Na opinião de 30% da população, o desenvolvimento científico e tecnológico levará a uma diminuição das desigualdades sociais no país.
Adaptado da Agencia Fapesp